Quando eu estabeleci a friendzone - Coletânea de histórias da Tia Taiga

Quando eu estabeleci a...



A lembrança que vou contar não é das que mais me orgulho na vida, na realidade deve estar entre o top dez momentos em que fui uma completa cretina. Ok, completa é meio forte, meio cretina...


Estava eu na minha 6º ou 7º série, não sei ao certo, no mínimo tinha 12 e no máximo tinha 13 aninhos e nessa época a palavra garotos não me dizia nada, estava feliz sendo infantil (como gostavam de me chamar). Não dava a mínima bola para as outras meninas que já se gabavam por terem beijado vários, como se o fato de ter trocado saliva com alguém fosse algo para se vangloriar, a não ser que nessa troca tivesse descoberto a cura no câncer porque então a menina mereceria o prêmio Nobel, mas como não era o caso a conversinha delas era insignificante aos meus ouvidos.

Veja bem nunca fui de socializar, sempre quieta só ouvindo e sem dar opinião, foi assim que passei 90% do meu Ensino fundamental o que acabou criando uma imagem a minha volta que não condizia com minha personalidade, na verdade eu tenho SIM muita opinião é que só de pensar em ter que discutir e argumentar com pessoas que muitas vezes não tem meio neurônio na cabeça me dava uma preguiça tão grande que para a minha pessoa era natural "fazer de conta" que aceitava as coisas quando na realidade estava era querendo que tudo se explodisse.
Muitas pessoas confundiam minha , teórica, solidão com algo fofo (sério mesmo) e pensavam que eu era meiga e não falava porque tinha medo ou ser tímida, coitados deles...


O pilar dessa história tem o começo lá no meu primeiro ano de escola, quando uma menina que, sabe-se lá Deus porquê, começou a pegar no meu pé.  Falava dos meus cadernos que eram forrados com papel contact e não tinham adesivos, que minha mochila era velha e que levava lanche de casa ao invés de comprar- oras naquela época minha família estava passando uma situação ruim com dinheiro eu não podia ser egoísta e pedir um caderno cheio de frescuras que provavelmente custaria o triplo do que estava usando, afinal o caderno era pra escrever então se tinha folhas era o necessário.
Até esse ponto não me importei em nada com o que aquela vaca dizia, o problema maior foi quando ela achou meu ponto fraco...minha vó. Ela sabia que minha vó ia religiosamente me buscar no colégio e perguntava para as professoras como eu estava, se estava aprendendo e essas coisas de quem se preocupa e bla bla, então ela começou a falar um monte de mentiras para a mãe dela que, como uma ÓTIMA fofoqueira, contava tudo para minha pobre vó.

Aquela vadia vai ver só (como eu me imagino naquela hora ;p)

Tinha de tudo desde que a professora falava que eu era burra e não conseguia ler até o fato de estar arrumando briga na escola, quando fiquei sabendo disso me arrependi tanto de não ter enfiado minha tesoura no olho daquelazinha quando tive oportunidade. Me contive, expliquei tudo e minha vó que obviamente confiou em mim e nunca mais falou com a mãe da menina, mas jamais esqueci daquilo e várias vezes planejei como me vingar.

O irônico foi que nunca pensei que para perpetuar a pior das vinganças eu não precisaria mexer um músculo ou gastar um neurônio sequer.



Vocês devem estar se perguntando "Por que você falou da 6/7 série então?", bom foi porque nesse ano o destino, universo, ou seja lá o que for me proporcionou a minha vingança.

O menino que a vadia gostava desde sempre estava apaixonado por quem, por quem? Ah sim por nada mais nada menos do que euzinha!





 Ah como o karma afeta as pessoas não é mesmo?

Só que nesse ponto começa a minha cretinagem, quando descobriu isso tudo o que a Tia Taiga fez? Foi uma boa menina e deixou tudo de lado? Lógico que não! Ela provocou de todas as maneiras possíveis.

Apertava as bochechas do menino que ficava vermelho até nas orelhas, abraçava ele para agradecer qualquer coisa (até mesmo se me emprestasse o lápis), sentava perto dele no recreio, pedia metade do lanche ( e o coitado me dava gente :T) entre outras coisas mais. Não me orgulho de ter feito essa basbaquices com o garoto, era um menino legal e inocente, não tinha culpa de estar fazendo parte do meu plano maligno de vingança, mas o que mais eu podia fazer? O destino colocou todas as peças no tabuleiro e só me restava dar o xeque-mate, era muito tentador ver a cara de fúria dela ao nos ver perto um do outro, quando ele sorria pra mim a vadia quase entrava em combustão espontânea. 

- Fulano muito obrigada por me emprestar a sua borracha! *-*
- D..de nada Taiga >///<


 Nunca tive um ano tão divertido no colégio quanto aquele, chegava a ficar horas em casa rindo e pensando o que faria para deixá-la mais irritada.


 


Só que a coisa começou a ficar pior quando ele começou a confundir minha vingança com reciprocidade. Ele estava ficando crente que estava sendo correspondido, sei disso não só porque percebi, mas também porque uma amiga que era minha cúmplice de crime me contou. Foi nessa hora que eu soube que minha vingança havia acabado, não podia correspondê-lo e nem continuar o iludindo.
Minha amiga insistia que, como gran finale, nós deveríamos nos beijar só que POXA... Tia Taiga nunca havia beijado ninguém e a vingança não valia o primeiro beijo, nem de perto perderia meu primeiro beijo com aquele menino só pra ver aquela trouxa se corroendo por dentro, então parei com tudo.
Simplesmente parei de ficar perto dele, falar com ele direito e botei a melhor cara de desinteresse do mundo. Sei que doeu no coraçãozinho juvenil , mas foi melhor assim, meu objetivo já estava cumprido e aquela vingança só estava escurecendo mais minha alma com rancor.



Por outra ironia do destino quando troquei de escola no Ensino médio o menino estava na minha classe, mas agora estava diferente. Estava mais confiante, maduro e o melhor de tudo havia superado a paixonite, fiquei muito feliz por ver que  havia seguido em frente e cheguei até a pensar que aquilo tudo, quem sabe, deu uma certa confiança pra ele. Será que é verdade? Não sei, só que no final consegui me vingar lindamente e não saí de megera u_u



Todo mundo ganhou, bom...ou quase isso.

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Por : Aisaka Taiga